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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011







Montanhas-RN
A Suíça do Agreste 







HISTÓRIA DO SURGIMENTO DE MONTANHAS (RN)
              

             Assim como aconteceu com todos os povos socialmente organizados, a História do Município de Montanhas (RN) se deu a partir do momento em que os primeiros homens começaram a modificar a natureza, podendo registrar e divulgar seus feitos ainda que oralmente. Alguns historiadores e/ou autodidatas que defendem as ideias oficiais contam a História de Montanhas (RN) a partir de uma data que a consideram o momento da criação desse município, 20 de julho de 1963.  No entanto, é importante lembrar que nenhuma civilização com estrutura políticoeconômica e sociocultural organizada ocorreu de forma tão rápida sem que antes pudesse ter passado por momento de lentidão no seu desenvolvimento, nem mesmo quando um dado povo passou a dominar outro – os romanos sobre os hebreus.
                Considerando que o mais antigo homem da América habitou São Raimundo Nonato, no Piauí, à cerca de 50000 anos, num período em que ele era nômade, e que caminhando em linha reta direcionado para o leste, este homem pode ter chegado ao Lajedo de Solidade, Apodi, Rio Grande do Norte, por volta de 10000 anos. É possível que no mesmo período este homem tenha se deslocado de Apodi rumando para o sul desse Estado em direção a Montanhas (RN), fato que deve ser levado em consideração quando se tratar da história desse município.
                Entendendo que o homem da América está neste continente há 50 mil anos e no RN a 10000, é evidente que a sua presença em Montanhas (RN) corresponde entre 10 e 3 mil anos, quando nesse período deve ter ocorrido a produção das pinturas rupestres encontradas na Pedra Sabina, no Distrito do Riachão dos Clementinos, à cerca de 6 quilômetros da sede.
                Quando se menciona a história de Montanhas (RN), logo se faz uma referência ao dia 20 de julho de 1963, uma data que sem dúvida é de grande importância, afinal senão se chamasse Montanhas (RN), que adjetivo pátrio teriam os seus filhos!?
                Contudo é preciso entender que essa data corresponde a outro fato, que muitos o interpretam como sendo o dia que Montanhas (RN) ficou independente de Pedro Velho (RN).
                Para melhor entender que o 20 de julho não corresponde ao dia da emancipação de Montanhas (RN), Luis da Câmara Cascudo, um dos maiores historiadores clássicos do Rio Grande do Norte, testemunha em sua obra Nomes da Terra, o equívoco que suas palavras causou a quem até então as tentou interpretá-las.
“MONTANHAS FOI CONSIDERADO DISTRITO DE PEDRO VELHO, EM OUTUBRO DE 1938. NO DIA 8 DE JANEIRO DE 1962, DE ACORDO COM A LEI 2.727, O DISTRISTRO FOI DESMEMBRADO DE PEDRO VELHO E SE TORNOU MUNICIPIO. MAS SOMENTE EM 20 DE JULHO DE 1963, O MUNICIPIO PASSOU A SE CHAMAR DEFINITIVAMENTE MONTANHAS (Câmara Cascudo, 1968)”.
                De acordo com Cascudo a emancipação de Montanhas (RN) não se deu em 20 de julho de 1963, mas em 8 de janeiro de 1962, essa primeira data corresponde, portanto, ao dia em que Montanhas (RN) deixou de se chamar Lagoa de Montanhas, um dos seus primeiros nomes.
                A data 20 de julho de 1963, em outras obras também é mencionada, a exemplo de Terras Potiguares, assim como a do celebre Cascudo, confirmam ter sido o momento em que esse município recebeu o nome definitivamente de Montanhas e que em 8 de janeiro de 1962, Montanhas (RN) se emancipou de Pedro Velho (RN).
                O equívoco sobre a data de sua emancipação, sem dúvida, orgulhosa; Montanhas (RN) se sente mais experiente com os braços abertos a receber a todos os filhos e aventureiros que por razões distintas teimam em visitá-la ou nela viver.
                Que a data de 20 de julho seja comemorada e respeitada por todos que se orgulham de ser montanhense, ou que assim se sinta, pois se trata da data que oficialmente seus habitantes receberam definitivamente seu adjetivo pátrio, porém, é preciso está atento para não cometer injustiça com aqueles que um dia viveram em Montanhas (RN) quando ainda esse território sequer tinha nome, os homens primitivos, que apesar de não possuir uma linguagem expressiva e elaborada, já fazia uso de gestos rudimentares de linguagem, conforme defende os gerativistas, suas expressões se davam de forma bastante diferente das que se conhecem atualmente. Enfim, Montanhas (RN) tem sua história reportada na Pré-história.
                Portanto, Montanhas (RN) é um município, cujo surgimento se deu desde os tempos mais remotos, a princípio com os homens primitivos quando se fizeram presente no Riachão dos Clementinos, vivendo um modelo de sociedade bastante rudimentar, mas que se apresentavam em bando compartilhando do mínimo que produziam ou utilizavam, da gruta da Pedra Sabina, por exemplo, da fauna, da flora, da água da bacia hidrográfica ali existente. E depois com os índios, estes já de forma socialmente organizada, uma vez que vivem em comunidade com seus hábitos e costumes. Os índios da tribo dos Paiaguás na proximidade da lagoa do Capim Grosso, no distrito do mesmo nome, estabeleceram sua cultura, como pode ainda ser visto resto de material produzido a partir de argila, solo existente na região, o que é possível dizer que esses homens, os índios dessa região se comportavam de maneira organizada, provavelmente, vivendo de pequenas roças, da pesca e da caça e produzindo seus utensílios domésticos, vasos de cerâmicas, o que comprova sua presença seminômade. Os Paiaguás eram índios que habitavam uma faixa de terra entre o litoral e o agreste, sobretudo, correspondente àquela que formam os municípios de Canguaretama (RN), Espírito Santo (RN), Várzea (RN), Pedro Velho (RN), Montanhas (RN), evidentemente divididos em aldeias. Nenhuma evidência sobre o nome da tribo que habitou o Capim Grosso, território montanhense, contudo é importante enfocar o quanto os índios potiguares, da tribo dos Paiaguás, contribuíram com o surgimento de Montanhas (RN), ainda que de forma indireta, quando tiveram que deixar suas terras férteis nas proximidades das seis lagoas existentes na sede desse município – lagoa da Porteira da Lapa, lagoa das Erradas, lagoa Grande ou Montanhas, lagoa de Zé Aranha, lagoa do Capim Grosso e lagoa das Queimadas, a última deu origem ao primeiro nome do município, para colonizadores do século XVII e XVIII, como é retratado por Cascudo, ainda que de forma sucinta.
“O PADRE JOSÉ VIEIRA AFONSO RECEBEU UMA SESMARIA NA LAGOA DAS QUEIMADAS, ÀS MARGENS DO CURIMATAÚ INICIANDO A POVOAÇÃO DA ÁREA. (Câmara Cascudo, 1968)”.
                É preciso em fim, está consciente sobre a quem se deve atribuir o surgimento do município de Montanhas (RN). Necessariamente, a história de Montanhas (RN) deve ser pautada a partir do homem primitivo e do índio que aqui estiveram antes dos colonizadores, desbravadores de terras e riquezas.  Essa jovem “senhora” tem uma experiência incalculável e que deve ser levada em consideração toda sua história.












HISTÓRIA DE CRIAÇÃO DA CIDADE DE MONTANHAS (RN)
        


      O povoamento de Montanhas dá início a partir de 04 de dezembro de 1754, período que o Padre José Vieira Afonso recebeu a Sesmaria da Lagoa das Queimadas, fato, aliás, coincide com a concessão de datas de terras a esse padre no município de Serra Caiada em o1 de dezembro, quando começa chegar os primeiros moradores, destacando-se algumas famílias como a Pinheiro, Tiago, Pereira, Bonfim entre outras.
                No início as dificuldades para colonizar o Brasil eram enormes e mesmo no século XVIII elas se faziam presentes, principalmente, quando se tratava de exploração do interior do território. Essas dificuldades contribuíram para que Montanhas (RN) desenvolvesse sua economia baseada na prática das atividades agrícolas, daí dizer que o seu mais antigo topônimo, Lagoa das Queimadas, é uma referência ao preparo da terra, sobretudo, com o desenvolvimento das coivaras nas proximidades das lagoas existentes no local. Lagoa das Queimadas é uma toponímia que demonstrou bastante criatividade dos seus primeiros habitantes.
                O Padre José Vieira Afonso como sesmeiro direto tinha que imediatamente distribuir lote de terra numa tentativa de fazer a sesmaria produzir, ao contrário, ela seria devolvida ao governo. Nesse período D. José I, rei de Portugal, havia determinado que o Rio Grande (do Norte) tornara a ser sub-capitania pertencente juridicamente a Paraíba e em termo administrativo a capitania de Pernambuco. Evidentemente que Pernambuco tinha todo interesse que a então sub-capitania voltasse a produzir como antes da Invasão Holandesa, podendo dessa forma ter lucro, principalmente, com os impostos cobrados
                Ser sesmeiro não era tarefa fácil, no Rio Grande (do Norte), então, era pior, havia incontáveis problemas que atrapalharam a colonização dessa capitania. No século XVI, os donatários não puderam colonizar, razões a exemplos da resistência dos nativos em aceitar a presença dos colonizadores em seu território, e depois devido a necessidade de mão-de-obra que para tê-la era preciso subjugar os índios, a falta de capital para investir nas atividades que pudessem dá lucros, a distância em que se encontrava a colônia em relação à metrópole.    As sesmarias nem sempre foram exploradas pela ação do sesmeiro, o que era necessário a todo custo fazer doações de lotes a outras pessoas, o que as tornariam sesmeiros indiretos.
                A presença da família Pinheiro em Montanhas (RN) é de um tempo em que se acredita ter sido Miguel Pinheiro o primeiro morador dessa cidade, ressalvando aí a presença do homem primitivo na localidade do Riachão dos Clementinos e dos Paiaguás no Distrito do Capim Grosso.  Nesse sentido, fica em evidência que o Padre José Vieira Afonso como sesmeiro doou parte de suas terras, a Sesmaria da Lagoa das Queimadas, para o primeiro morador da cidade uma vez que terra era o que ele mais possuía a contar da sesmaria que recebeu em Serra Caiada. Essa sequência demonstra que o Padre José Vieira Afonso, assim como o próprio João de Barros donatário da capitania do Rio Grande (do Norte), também não tomou de fato posse do seu lote de terra, a Lagoa das Queimadas.
                As primeiras atividades econômicas em Montanhas (RN) se desenvolveram a partir do momento que Miguel Pinheiro propagou as ideias do Capitão-mor Antonio Vaz Gondiz oriundas do ano de 1654.
“DOU SESMARIA E INCENTIVOU A PECUARIA DO GADO BOVINO, PRINCIPALMENTE PORQUE O GADO SENDO CRIADO NO LITORAL, PREJUDICAVA A PLANTAÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR.”(Marlúcia Galvão Brandão, 1993)
                Miguel Pinheiro, assim como o capitão-mor, Jerõnimo de Alberquerque, que deixou Pernambuco rumo ao Rio Grande (do Norte) para fundar a cidade do Natal, sai da Paraíba para se estabelecer na Lagoa das Queimadas como senhor de escravos, poucos evidentes, aliás, o Rio Grande (do Norte) não teve em grande número como a principal mão-de-obra, mas percebe-se que ele era um nobre numa época que em alusão ao século XVIII desenvolveu atividades relacionadas à pecuária e à agricultura e ainda utilizou-se da técnica rústica de fazer farinha, produto que juntamente com a carne seca eram de grande valor econômico. A carne seca e farinha continuaram até o século XX sendo mercadorias que a família Pinheiro, através de Manuel Antonio Pinheiro, descendente do Miguel Pinheiro, trabalhava com elas. Manuel Antonio Pinheiro era proprietário de uma casa de farinha e negociava com carne seca.
                A casa de farinha do Manuel Antonio Pinheiro estava situada na então Rua Manuel Pinheiro. Nela se produzia consecutivamente o equivalente 3 meses de farinha com mandiocas de sua propriedade. Os meses que ele não fazia a farinha eram destinados a fabricação a terceiros, pessoas da comunidade.










Um comentário:

  1. Grande Professor Genival!!!
    Finalmente um Montanhense nato se dá ao trabalho de explorar a origem da cidade. Fica aqui registrado o meu respeito e admiração pelo seu trabalho. Espero que não pare por aqui, pois a história sócio-econômica da cidade precisa ser perpetuada para que os que virão possam ter fontes de pesquisa.
    Abraços fraternos,
    Cristina Fernandes Cavalcante

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